Filosofia

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sexta-feira, 20 de maio de 2011

Karl Marx, os indivíduos e as classes sociais.

    Para o alemão Karl Marx (1818-1883), os indivíduos devem ser analisados de acordo com o contexto de suas condições e situações sociais, já que produzem sua existência em grupo. O homem primitivo, segundo ele, diferenciava-se do outros animais não apenas pela característica biológicas, mais também por aquilo que realizava no espaço e na época em que vivia. Caçando,defendendo-se e criando instrumentos, os indivíduos construíram suas história e sua existência no grupo social.
   Ainda segundo Marx, a ideia de indivíduo isolado só apareceu efetivamente na sociedade de livre concorrência, ou seja, no momento em que as condições históricas criaram os princípios da sociedade capitalista. Tomemos um exemplo simples dessa sociedade. Quando um operário é aceito numa empresa, assina  um contrato do qual consta que deve trabalhar tantas horas por dia e por semana e que tem determinados deveres e direitos, além de um salário mensal. Nesse exemplo, existem dois indivíduos se relacionando: o operário, que vende sua força de trabalho, e o empresário, que compra essa força de trabalho. Aparentemente se trata de um contrato de compra e venda entre iguais. Mas só aparentemente, pois o "vendedor"  não escolhe onde nem como vai trabalhar. As condições já estão impostas pelo empresário e pelo meio social.
   Essa relação entre os dois, no entanto, não é apenas entre indivíduos,mas também classes sociais : a operária e a burguesa. Eles só se relacionam, nesse caso e este precisa de salário. As condições que permitem esse relacionamento são definidas pela luta que se estabelece entre as classes, com a intervenção do Estado, por meio das leis, dos tribunais ou da polícia.
   Essa luta vem de desenvolvendo há mais duzentos anos em muitos países e nas mais diversas situações, pois empresários e trabalhadores têm interesses opostos. O Estado aparece aí para tentar reduzir o conflito, criando leis que, segundo Marx, que normalmente são a favor dos capitalistas.
   O foco da teoria de Marx está, assim, nas classes sociais, embora a questão do indivíduo também esteja presente. Isso fica claro quando Marx afirma que os seres humanos constroem sua história, mas não da maneira que querem, pois existem situações anteriores que condicionam o modo como ocorre a construção. Para ele, existem condicionamentos estruturais que levam o indivíduo, os grupos e as classes para determinados caminhos; mas todos têm a capacidade de reagir a esses condicionamentos e até mesmo de transforma-las.
  Marx se interessou por estudar as condições de existência de homens reais na sociedade. O ponto central da sua análise está nas relações estabelecidas em só é possível entender as relações dos indivíduos com base nos antagonismos, nas contradições e na complementaridade entra as classes sociais. Assim, de acordo com Marx, a chave para compreender a vida social contemporânea está na luta de classes, que se desenvolve à medida que homens e mulheres procuram satisfazer suas necessidades, " oriundas do estômago ou da fantasia".

               "Nas palavras de MARX"          

                                                         Os indivíduos e a história :
   A História não faz nada, " não possui nenhuma riqueza imensa", "não luta nenhum tipo de luta " ! Quem faz tudo isso , quem possui e luta é, muito antes, o homem real que vive; não é certo, a "História" que utiliza o homem como meio para alcançar seus fins - como se tratasse de uma pessoa à parte -, pois a História não é senão a atividade do homem que persegue seus objetivos.

            


Nelson Dacio Tomazi

terça-feira, 17 de maio de 2011

VIOLÊNCIA SIMBÓLICA (Pierre Bourdieau)

      O sociólogo Pierre Bourdieau desenvolveu o conceito de violência simbólica para identificar formas culturais que impõem e fazem que aceitemos como normal, como verdade que sempre existiu e não pode ser questionada, um conjunto de regras não escritas nem ditas, Ele usa a palavra grega doxa (que significa "opnião") para designar esse tipo de pensamento e prática social estável, tradicional, em que o poder aparece como natural.
      Dessa ideia nasce o que Bourdieau define como naturalização da história, condição em que os fatos sociais, independentemente de ser bons ou ruins, passam por naturais e tornam-se uma "verdade" para todos. Um exemplo evidente é a dominação masculina, vista em nossa sociedade como algo "natural", iá que as mulheres são "naturalmente" mais fracas e sensíveis e, portanto, devem se submeter aos homens. E todos aceitam essa ideia e dizem que "isso foi, é e será sempre assim".
      Boudieau declara que é pela cultura que os dominantes garantem o controle ideológico, desenvolvendo uma prática cuja finalidade é manter o distanciamento entre as classes sociais. Assim, existem práticas sociais e culturas que quem é de uma classe ou de outra: os "cultos" têm conhecimentos científicos, artísticos, literários que os opõem aos "incultos". Isso é resultado de uma imposição cultural (violência simbólica) que define o que é "ter cultura".
      A violência simbólica ocorre de modo claro no processo educacional. Quando entramos na escola, em seus diversos níveis, devemos obedecer sempre a um conjunto de regras e absorver um conjunto de saberes predeterminados, aceitos como o que se deve ensinar. Essas regras e esses saberes não são questionados e normalmente não se pergunta quem os definiu.