Filosofia

Filosofia

segunda-feira, 20 de julho de 2009

A FORMAÇÃO DA SOCIOLOGIA COMO CONHECIMENTO CIENTÍFICO

Prezado aluno iniciaremos os nossos estudos de Sociologia fazendo
uma análise do contexto sócio-histórico que propiciou o seu surgimento e, a
partir daí, poderemos entender melhor o seu conceito e o seu objeto de
estudo.
OBJETIVO DA UNIDADE:
• Analisar as condições sócio-históricas que favoreceram o
surgimento da Sociologia como ciência, identificando seu objeto
de estudo e comparando as diferentes posturas paradigmáticas
neste contexto, a fim de que possa participar do processo social
conscientemente.
PLANO DA UNIDADE:
• O contexto sócio-histórico e intelectual do surgimento da
Sociologia.
• A crise do Feudalismo.
• A formação dos Estados-Nacionais.
• O Mercantilismo e a expansão comercial ultramarina.
• A Sociologia se estabelece como Ciência.
Bem-vindo à primeira unidade de estudo.
Sucesso!
UNIDADE 1 - A FORMAÇÃO DA SOCIOLOGIA COMO CONHECIMENTO CIENTÍFICO
O CONTEXTO SÓCIO-HISTÓRICO E INTELECTUAL DO SURGIMENTO DA
SOCIOLOGIA
O surgimento da Sociologia pode ser identificado no bojo de um amplo
processo histórico que tem início na transição feudal-capitalista, quando se
dá a desagregação da sociedade feudal no
século XV e vai até o período das revoluções
burguesas - revolução industrial inglesa e a
revolução francesa no século XVIII, marcando
a consolidação da sociedade capitalista.
Respondendo a essas indagações,
estaremos com os nossos estudos bem
encaminhados... Sendo assim, vamos em
frente!
A CRISE DO FEUDALISMO
Caminharemos juntos nesta etapa, visando entender que, para que a
nova ordem pudesse ganhar espaço, o Feudalismo teria que extinguir todas
as suas possibilidades de reprodução.
A partir dos séculos XV e XVI podemos observar que grandes
transformações ocorreram na Europa e, conseqüentemente, no mundo todo.
Esses acontecimentos desestruturaram o
sistema feudal existente e deram origem a
um novo sistema – o capitalismo. A grande
crise do feudalismo desenvolveu-se na
Europa Ocidental no século XIV, atingindo
indiscriminadamente campo e cidade,
disseminando a fome, epidemias e as
guerras, podendo ser explicada por um
conjunto de fatores que trouxe, como
conseqüência, a superação do sistema
feudal.
A economia medieval encontrava-se em
crise face à baixa produtividade agrícola,
ocasionada pelo esgotamento dos solos - utilização inadequada de técnicas
agrícolas predatórias - o que projetava um declínio na produção de alimentos,
gerando a fome e, conseqüentemente, as epidemias.
Em meados do século XIV, os comerciantes genoveses trouxeram da
região do Mar Negro uma epidemia que, no espaço de dois anos, espalhou a
morte por toda a Europa, atingindo homens e mulheres adultos e crianças
de todos os segmentos sociais, sendo conhecida como Peste Negra – um
castigo de Deus.
A crise se agravou na medida em que os senhores feudais viram seus
rendimentos declinarem devido à falta de trabalhadores e ao despovoamento
dos campos.
Capitalismo: sistema
social baseado no capital, no
dinheiro.
SOCIOLOGIA APLICADA
A mortalidade trazida pela fome e a peste
negra foi ainda ampliada pela longa Guerra
dos Cem Anos (1337/1453), desencadeada
pela disputa das regiões de Bordéus e
Flandres, entre França e Inglaterra.
A conjuntura de epidemias, de aumento
brutal da mortalidade e de superexploração
camponesa que caracterizou a Europa do
século XIV trazendo a crise, foi sendo superada
no decorrer do século XV, com a retomada do
crescimento populacional, agrícola e comercial.
FORMAÇÃO DOS ESTADOS-NACIONAIS
Para acompanharmos as transformações em curso, é fundamental
concentrarmos-nos na aliança entre a burguesia e o rei, que resulta na formação
dos Estados-Nacionais, verificando-se a consolidação territorial a partir de
práticas políticas absolutistas, com o fortalecimento do poder e autoridade
dos reis.
Essa nova forma de organização política atendia aos interesses tanto
da nobreza quanto da burguesia. Os nobres, apesar de sua crescente
dependência frente aos reis e da perda de autonomia, tiveram assegurados
os seus privilégios feudais sobre os camponeses, mantendo suas terras e os
seus títulos nobiliárquicos, além de cargos administrativos, pensões e chefias
de regimentos militares.
Os burgueses procuraram aliar-se aos reis, financiando-os com recursos
para a manutenção de exércitos profissionais permanentes, necessários à
manutenção da ordem e do poder. Além disso, a centralização política e
administrativa trouxe a gradual unificação de impostos, leis, moedas, pesos,
medidas e alfândegas em cada país, beneficiando o comércio e a burguesia.
Os Estados-Nacionais, formados a partir de fins do século XIV em
Portugal e durante o século XV na França, Espanha e Inglaterra, evoluíram no
sentido do Absolutismo monárquico. Sistema político o qual o rei detém o poder
total, cabendo-lhe o direito de impor leis e obediência aos súditos. Mesmo as
regiões que permaneceram divididas em pequenos reinos e cidades, como a
Itália e a Alemanha, a tendência foi para o
fortalecimento do poder político dos
governantes locais.
MERCANTILISMO E A EXPANSÃO
COMERCIAL ULTRAMARINA
Veremos agora como os europeus –
pioneiramente Espanha e Portugal - chegam
a regiões nunca antes alcançadas e quais
os seus verdadeiros interesses. A expansão
territorial implementada pela política
UNIDADE 1 - A FORMAÇÃO DA SOCIOLOGIA COMO CONHECIMENTO CIENTÍFICO
mercantilista resultou na conquista e exploração de novos territórios
denominados “colônias” e estas passando a cumprir o papel de
complementaridade da economia da metrópole, constituindo-se em fontes
geradoras de riquezas dos países europeus. Através do “Pacto Colonial”,
ficava assegurada a exclusividade das transações mercantis estabelecidas
entre as metrópoles e suas respectivas colônias, numa relação também
conhecida como monopólio comercial.
Dentre as características do Mercantilismo, podemos identificar:
• expansão marítima comercial e a conquista de novos mercados
fornecedores de matérias-primas e mão-de-obra;
• busca incessante do lucro, através da manutenção de uma
balança comercial de superávit, ou seja, exportar sempre mais
do que importar;
• idéia metalista – nível de riqueza de um país medido pelo
montante de ouro e prata acumulado em seu tesouro nacional;
• absolutismo monárquico – poder político centralizado em torno
do rei que constituía-se na autoridade maior do sistema, com o
Estado controlando a política econômica em favor dos interesses
burgueses.
As práticas mercantilistas impulsionaram o crescimento do capitalismo
comercial dando origem à acumulação primitiva de capitais, pré-condição
necessária ao desenvolvimento do próprio capitalismo.
Secularização
É importante agora, percebermos as mudanças do
entendimento do homem sobre si mesmo e o mundo. Na transição
feudal-capitalista surge um novo homem, principalmente nos
centros urbanos, mais crítico e sensível, representando um
pensamento antropocêntrico – o homem como o centro de
todas as coisas e racionalista – crença ilimitada na capacidade
da razão em dar conta do mundo - movimento resgatado da
antiguidade greco-romana, que chocava-se com a postura
teocêntrica e dogmática, definida pelo poder clerical na Idade
Média.
Desenvolve-se, então, uma nova forma de entender a
realidade, isto é, a razão passou a ser considerada o elemento
principal de interpretação dos fatos. O homem constrói uma concepção
anticlerical apoiada em bases de liberdade, que não precisava se submeter
à autoridade divina imposta pela Igreja Católica.
Renascimento
O Renascimento foi um movimento intelectual que marcou a cultura
européia entre os séculos XIV e XVI, originário da Itália e irradiado por toda
a Europa.
SOCIOLOGIA APLICADA
Está associado ao humanismo e fudamentado nos conceitos da
civilização da antiguidade clássica, numa demonstração de
menosprezo pela Idade Média, considerada como “noite de mil anos”
ou “escuridão”.
O Renascimento representou uma nova visão de mundo que
atendia plenamente aos interesses da burguesia em ascensão. Suas
principais características eram o racionalismo, crença na razão como
forma explicativa do mundo em oposição à fé; o antropocentrismo,
colocando o homem no centro de todas as coisas, em oposição ao
teocentrismo e o individualismo, em oposição ao coletivismo cristão.
O Humanismo pregava a pesquisa, a crítica e a observação, em
oposição ao princípio da autoridade.
A explicação da origem italiana do Renascimento e do
Humanismo, se dá em função da riqueza das cidades italianas, da
presença de sábios bizantinos, da herança clássica da Antiga Roma
e da difusão do mecenato. A invenção da Imprensa contribuiu muito
para a divulgação das novas idéias.
Fases do Renascimento
O Renascimento pode ser dividido em três grandes fases,
correspondentes aos séculos XIV, XV e o XVI.
Trecento - século XIV - manifesta-se predominantemente na Itália, mais
especificamente na cidade de Florença, pólo político, econômico e cultural da
região. Giotto, Boccaccio e Petrarca estão entre seus representantes. Suas
características gerais são o rompimento com o imobilismo e a hierarquia da
pintura medieval - valorização do individualismo e dos detalhes humanos;
Quatrocento - século XV - o Renascimento espalha-se pela península
itálica, atingindo seu auge. Neste período atuam Botticelli, Leonardo da Vinci,
Rafael e, no seu final, Michelangelo, considerados os três últimos o “trio
sagrado” da Renascença. As características gerais do período são: inspiração
greco-romana (paganismo e línguas clássicas), racionalismo e
experimentalismo;
Cinquecento – século XVI - o Renascimento torna-se neste século um
movimento universal europeu, tendo, no entanto, iniciado sua decadência.
Ocorrem as primeiras manifestações maneiristas e a Contra-reforma instaura
o Barroco como estilo oficial da Igreja Católica. Na literatura atuaram Ludovico
Ariosto, Torquato Tasso e Nicolau Maquiavel, já na pintura eram Rafael e
Michelangelo.
O Iluminismo
O Iluminismo foi o movimento intelectual desenvolvido na França no século
XVII e teve o seu apogeu durante o século XVIII - o chamado “Século das
Luzes”, que enfatizava o domínio da razão e da ciência como formas de
explicação para todas as coisas do universo, substituindo as crenças religiosas
e o misticismo que bloqueavam a evolução do homem desde a Idade Média.
UNIDADE 1 - A FORMAÇÃO DA SOCIOLOGIA COMO CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Para os filósofos iluministas, o homem era naturalmente bom, porém
era corrompido pela sociedade com o passar do tempo. Eles acreditavam que
se todos fizessem parte de uma sociedade justa, com direitos iguais para
todos, a felicidade comum seria alcançada. Por esta razão, eles eram contra
as imposições de caráter religioso, contra as práticas mercantilistas, contrários
ao absolutismo do rei, além dos privilégios dados à nobreza e ao clero.
O Iluminismo foi mais intenso na França onde influenciou a Revolução
Francesa, assim como na Inglaterra e em diversos países da Europa onde a
força dos protestantes era maior, chegando a ter repercussões, mesmo em
alguns países católicos.
Podemos dizer que, de certo modo, este movimento é herdeiro da
tradição do Renascimento e do Humanismo por defender a valorização do
Homem e da Razão, contribuindo também para o avanço do capitalismo e
da sociedade moderna na medida em que disseminava os ideais de uma
sociedade “livre”, com possibilidades de transição de classes e mais
oportunidades iguais para todos.
Economicamente, o Iluminismo identificava que era da terra e da
natureza que deveriam ser extraídas as riquezas dos países. Segundo Adam
Smith, cada indivíduo deveria procurar lucro próprio sem escrúpulos o que,
em sua visão, geraria um bem-estar geral na civilização.
Os principais filósofos do Iluminismo foram: John Locke (1632-1704),
ele acreditava que o homem adquiria conhecimento com o passar do tempo
através do empirismo; Voltaire (1694-1778), ele defendia a liberdade de
pensamento e não poupava crítica à intolerância religiosa; Jean-Jacques
Rousseau (1712-1778), ele defendia a idéia de um estado democrático que
garantia igualdade para todos; Montesquieu (1689-1755), ele defendeu a
divisão do poder político em Legislativo, Executivo e Judiciário; Denis Diderot
(1713-1784) e Jean Le Rond d´Alembert (1717-1783), juntos organizaram
uma enciclopédia que reunia conhecimentos e pensamentos filosóficos da
época.
O outro lado da moeda
Estas transformações foram acompanhadas, nos séculos XVII e XVIII,
por mudanças políticas, tais como: a Revolução Inglesa, a Revolução
SOCIOLOGIA APLICADA
Americana e a Revolução Francesa, que introduziram grandes alterações
nessas sociedades e influenciaram a mudança de outras no mundo a fora.
Você pode observar que a sociedade que antes tinha suas bases na
produção da terra passa a ter suas bases na produção industrial e trouxe
consigo uma nova forma de trabalho, que é o trabalho assalariado. Este
também trouxe novas formas de relações entre as pessoas e de
representatividade nos governos.
Tudo mudava. Aquela sociedade tradicional que antes existia estava
completamente transformada precisando se organizar para atender às novas
necessidades.
Revolução Industrial Inglesa
Agora, iremos pesquisar a revolução que alterou a relação entre os
homens, configurando as formas do mundo contemporâneo.
No decorrer do século XVIII, a Europa Ocidental passou por uma grande
transformação no setor da produção, em decorrência dos avanços das
técnicas de cultivo e da mecanização das fábricas, a qual se deu o nome de
Revolução Industrial. A invenção e o aperfeiçoamento das máquinas
permitiram o aumento vertiginoso da produtividade, resultando na diminuição
dos preços dos produtos e o crescimento do consumo e dos lucros.
Esse momento revolucionário de passagem da energia humana,
hidráulica e animal para motriz, é o ponto culminante de uma revolução
tecnológica, social e econômica, cujas origens podem ser encontradas nos
séculos XVI e XVII, com a política de incentivo ao comércio, adotada pelos
Estados-Nacionais e a adoção da política mercantilista. A acumulação de
capitais nas mãos dos comerciantes burgueses e a abertura dos mercados
proporcionada pela expansão marítima estimularam o crescimento da
produção, exigindo mais mercadorias e preços menores. Gradualmente,
passou-se do artesanato disperso para a produção em oficinas e destas
para a produção mecanizada nas fábricas.
Para Karl Marx, a Revolução Industrial integra o conjunto das
chamadas “Revoluções Burguesas” do século XVIII, responsáveis pela crise
do Antigo Regime na passagem do capitalismo comercial para o industrial.
Os outros dois movimentos que a acompanham são a Independência dos
Estados Unidos e a Revolução Francesa que, sob influência dos princípios
iluministas, assinalam a transição da Idade Moderna para a Idade
Contemporânea.
A Inglaterra foi o país pioneiro da industrialização, sendo que alguns
fatores contribuíram para isso:
• o principal deles foi a aplicação de uma política econômica liberal
em meados do século XVIII, liberalizando a indústria e o
comércio o que acarretou um enorme progresso tecnológico e
aumento da produtividade em um curto espaço de tempo;
UNIDADE 1 - A FORMAÇÃO DA SOCIOLOGIA COMO CONHECIMENTO CIENTÍFICO
• a Lei de Cercamento dos Campos, denominados “enclouseres”
marcou o fim do uso comum das terras, expulsando o homem
do campo e gerando o “trabalhador livre”. Na medida em que
não tinham mais condições de vida no meio rural, partiam para
as cidades, gerando forte concentração de mão-de-obra urbana,
o que favorecia às indústrias;
• a Inglaterra possuía grandes reservas de carvão mineral em
seu subsolo, a principal fonte de energia para movimentar as
máquinas e as locomotivas a vapor. Possuíam também
consideráveis reservas de minério de ferro, principal matériaprima
utilizada neste período.
• a burguesia inglesa tinha capital suficiente para financiar as
fábricas, comprar matéria-prima, máquinas e contratar
empregados por causa da grande taxa de poupança que existia
na época;
• a agricultura inglesa desenvolveu-se com a difusão de novas
técnicas e instrumentos de cultivo.
A mecanização da produção criou o proletariado rural e urbano,
composto de homens, mulheres e crianças, submetido a jornadas de trabalho
diárias, extensivas e intensivas, de mais de 16 horas no campo ou nas fábricas.
Com a Revolução Industrial, consolida-se o sistema capitalista baseado
em duas classes fundamentais: a burguesia detentora do capital e o
proletariado, que nada possuíam a não ser a sua força de trabalho, que
vendiam aos capitalistas em troca de um salário.
O capital apresenta-se sob a forma de terras, dinheiro, lojas, máquinas
ou crédito. O agricultor, o comerciante, o industrial e o banqueiro, donos do
capital, controlam o processo de produção, contratam ou demitem os
trabalhadores, conforme seus interesses.
As formas de transformação de matérias-primas em produtos são:
trabalho artesanal – é a forma mais primitiva de trabalho, dominada
pelo homem há milhares de anos. O trabalho era manual, sem a utilização
de máquinas e o artesão realizava sozinho todas as etapas da produção,
desde o preparo da matéria-prima até o acabamento final dos produtos,
não havendo divisão do trabalho. O artesão era dono dos meios de produção
- oficina e ferramentas simples - possuindo também o produto final de seu
trabalho.
trabalho manufaturado – estágio intermediário entre o artesanato e a
indústria. Neste processo, podemos observar o uso de máquinas simples e
a divisão social do trabalho (especialização do trabalhador) com cada
trabalhador ou grupo de trabalhadores, realizando uma etapa para a obtenção
do produto final. Na manufatura, já encontramos a figura do capitalista com
interferência direta no processo produtivo, passando a comprar a matériaprima
e a determinar o ritmo de produção.
indústria moderna – com a mecanização da produção introduzida pela
Revolução Industrial, os trabalhadores perdem o controle do processo
SOCIOLOGIA APLICADA
produtivo, passando a trabalhar para um patrão – burguês - na condição de
operários – empregados assalariados. Esses trabalhadores passam a
manejar máquinas que pertencem agora ao empresário, dono dos meios de
produção e para o qual se destina o lucro, sendo que a matéria-prima e o
produto final não mais lhes pertencem.
Temos como etapas da industrialização, os seguintes períodos:
Primeira Revolução Industrial – desenvolvida entre meados do século
XVIII até as últimas décadas do século XIX, com a predominância do trabalho
intensivo com jornadas de trabalho de até 16 horas por dia, com baixa
remuneração do operariado. Utilização de máquinas à vapor nas indústrias
têxteis, sendo que a grande fonte de energia era o carvão mineral.
Segunda Revolução Industrial – compreendida entre as últimas décadas
do século XIX até o final da década de 1970 – século XX. A jornada de trabalho
cai para 8 horas diárias e passa a ser regulamentada por leis trabalhistas, a
partir dos avanços sociais relativos ao processo histórico de cada país. O
petróleo vai substituindo o carvão até se constituir na principal fonte de
energia e a indústria automobilística como maior atividade produtiva.
Terceira Revolução Industrial – conhecida também como Revolução
Técnico-Científica, tem início a apartir da segunda metade da década de 1970,
sendo caracterizada pelo avanço do conhecimento e tecnologia avançada.
As jornadas de trabalho são mantidas em 8 horas diárias. Os setores de
ponta são a informática, a robótica, as telecomunicações, a química fina e a
biotecnologia. Neste período, temos uma diversificação quanto às fontes de
energia – hidrogênio, energia solar, etc.
A Revolução Industrial favoreceu também o desenvolvimento dos
transportes. Logo vieram a locomotiva e a navegação a vapor, o que fez com
que houvesse uma redução nos custos dos fretes, baixando os preços dos
produtos e aumentando o consumo.
Com a Revolução Industrial, a Inglaterra se transformou no maior
produtor e exportador de produtos manufaturados e a população dos centros
urbanos cresceu assustadoramente. Não podemos esquecer de que havia
nesse país matérias-primas indispensáveis para o funcionamento e a
construção dessas máquinas – carvão e ferro.
E, então, você já pode imaginar o que foi acontecendo: a burguesia
investiu na inovação tecnológica e as máquinas foram cada vez mais se
aprimorando e aumentando a produção que se expandia por todo o mundo,
estabelecendo laços de dependência entre as nações.
O trabalho assalariado que substitui o trabalho artesanal ganha força
utilizando-se fortemente da mão-de-obra feminina e infantil e a energia a
vapor cresce em lugar da energia humana.
Revolução Francesa
A Revolução Francesa é um importante marco histórico da transição do
feudalismo para o capitalismo, inaugurando um novo modelo de sociedade
baseada na economia de mercado.
UNIDADE 1 - A FORMAÇÃO DA SOCIOLOGIA COMO CONHECIMENTO CIENTÍFICO
A Revolução Francesa significou o colapso das instituições feudais do
Antigo Regime e o fim da monarquia absoluta na França. Ao mesmo tempo,
propiciou a ascensão da burguesia ao poder político, fortalecendo as condições
essenciais para a consolidação do capitalismo.
Movimento político de extrema relevância para o continente europeu e
para o Ocidente, a Revolução Francesa teve início em 1789 e se prolongou
até 1815. Sofreu grande influência dos ideais do Iluminismo, baseando-se
no direito à liberdade, à igualdade e à fraternidade e nos princípios
democráticos e liberais da Independência Americana(1776).
O êxito do processo revolucionário francês, encerrando os privilégios
da nobreza e do clero, serviu de motivação para novos movimentos em
direção ao igualitarismo em outras partes da Europa.
A Revolução Francesa pode ser subdividida em quatro grandes
períodos: a Assembléia Constituinte, a Assembléia Legislativa, a Convenção
e o Directório.
Causas da Revolução
A Revolução Francesa foi resultado de uma conjugação de fatores
sociais, econômicos, políticos e, pelo menos um desses fatores, é apontado,
pela maioria dos historiadores, como determinante para o desencadeamento
do processo revolucionário. Trata-se do descontentamento do povo com os
abusos e privilégios do regime absolutista.
A composição social da sociedade francesa, na segunda metade do
século XVIII, é marcada por uma rígida hierarquia e estratificação social. A
hierarquia social francesa propiciava honras e privilégios em função do
nascimento e dividia a população de maneira discriminatória segundo ordens
ou estados.
De um lado, duas classes – o clero e a nobreza, que juntas usufruíam
dos privilégios e da riqueza produzida pela sociedade francesa.
O Clero ou 1º Estado composto por importantes membros da Igreja
Católica, originário da nobreza, que em 1789 representava 2% da população
francesa.
A Nobreza ou 2º Estado formado pelo rei e sua família, bem como
outros nobres como: condes, duques, marqueses, aproximava-se de 1,5%
dos habitantes. Controlava a maior parte das terras, concentrando em suas
mãos boa parte de tudo que produziam os camponeses; gozava de inúmeros
privilégios e não pagava impostos.
Do outro lado, o povo – base da sociedade francesa, que sustentava
pelo peso de impostos que pagava, a vida de riqueza e muito luxo dos nobres
e do clero.
O Povo ou 3º Estado era formado pela burguesia, pelos trabalhadores
urbanos (a maioria deles desempregados), artesãos e camponeses - sans
cullotes.
SOCIOLOGIA APLICADA
O desenvolvimento do comércio e da indústria, assim como a conquista
de novos mercados na Europa e fora dela, fizeram a burguesia acumular
riquezas muito rapidamente. A confortável posição que desfrutava no campo
dos negócios, contrastava com a desfavorável condição que a burguesia
ocupava na vida política do regime absolutista. Apesar de rica, a estrutura
social francesa barrava a ascensão da burguesia, uma vez que os privilégios,
honras e títulos estavam reservados somente à nobreza e ao alto clero.
Além disso, a má administração das finanças, a cobrança excessiva de
impostos e os gastos descontrolados da nobreza eram considerados
obstáculos aos interesses burgueses.
Os camponeses e os trabalhadores urbanos que representavam a
esmagadora maioria da população francesa viviam em precárias condições
de vida e de existência, ou seja, em quase absoluta miséria.
No campo, embora grande parte dos camponeses fosse livre, somente
uma pequena parcela podia manter-se com a produção da terra. A elevada
carga de impostos relegou boa parte dos pequenos proprietários a subsistir
trabalhando nas propriedades dos grandes senhores ou dedicar-se a
produção artesanal.
Por outro lado, o progresso industrial não representou para a classe
trabalhadora operária uma melhoria das condições de vida e de trabalho. A
classe operária convivia com salários muito baixos e com altos níveis de
desemprego.
O quadro de desigualdade social da sociedade francesa, alimentado
pela crise econômico-financeira do Antigo Regime, tornou ainda mais precárias
as condições em que viviam os trabalhadores do campo e da cidade.
Relegados a condições miseráveis de existência, camponeses e trabalhadores
urbanos desejavam novas formas de vida e de trabalho.
As origens do processo revolucionário francês de 1789 devem ser
buscadas nas contradições dos interesses estabelecidos pelo regime
absolutista e as novas forças sociais que estavam em ascensão. Ou seja, os
interesses econômicos e políticos da nova e poderosa classe burguesa
sufocada por uma organização social aristocrática e decadente fizeram
despertar o povo (o terceiro estado), que passou a rejeitar as ordens, as
diferenças sociais e as restrições. Diante das promessas igualdade e
fraternidade, o povo foi atraído para a causa
revolucionária.
A SOCIOLOGIA SE ESTABELECE COMO
CIÊNCIA
Tendo em vista todos estes
acontecimentos, Augusto Comte (1798-
1857) defende uma proposta para resolver
os problemas da sociedade de sua época que
viria através da reforma intelectual do homem
alcançando a reforma das instituições.
Liberalismo: corrente
política de pensamento que
defende a liberdade do indivíduo
frente ao
intervencionismo do Estado.
UNIDADE 1 - A FORMAÇÃO DA SOCIOLOGIA COMO CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Estas reformas estavam embasadas no Liberalismo que triunfara no
século XIX e pregava a liberdade e a igualdade inata entre os homens. Porém,
suas reformas estabeleciam a autoridade e a ordem pública contra os abusos
do individualismo da Escola Liberal (RIBEIRO JR. 1988:15).
A Sociologia nasce como resposta a esse individualismo pregado pela
sociedade capitalista e vai assim enfatizar as ações altruístas entre os
homens.
O positivismo de Comte comparava a sociedade à vida orgânica, cujas
partes que a constituem desempenham funções que se orientam para a
preservação do todo. Sendo assim, a sociedade não poderia sofrer revoluções
violentas e sim se desenvolver harmoniosamente. Repudia o laissez-faire
do Liberalismo, pregando o planejamento social.
Comte defendia a idéia de que as ciências deveriam atingir a máxima
objetividade possível.
A influência de Comte foi além da escola francesa, atingindo também
os republicanos no Brasil, como podemos observar, o lema na bandeira
nacional “Ordem e Progresso”.
A especificidade do conhecimento sociológico
As ciências se distinguem pelos seus objetos de estudo e pelos seus
métodos.
E com a Sociologia não vai ser diferente. Se observarmos uma
sociedade, veremos que os homens praticam atos que podemos chamar de
individuais, tais como: dormir, respirar, caminhar, como também, praticam atos
considerados sociais – casar, fazer reuniões, pedir demissão – são situações
que só podem ser entendidas através das relações que se estabelecem
entre indivíduos ou grupos de indivíduos e que não podem ser entendidas
isoladamente. São estes fatos coletivos que interessam à Sociologia, pois
suas causas são encontradas não no individual, mas sim na sociedade.
É HORA DE SE AVALIAR!
Não esqueça de realizar as atividades desta unidade de
estudo, presentes no caderno de exercício! Elas irão ajudálo
a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no
processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as
respostas no caderno e depois as envie através do nosso
ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco!
Nesta primeira unidade estudamos a formação da Sociologia como
conhecimento científico. Na próxima unidade, estudaremos a Sociologia
Clássica. Espero você na próxima unidade. Temos muito que estudar!
Positivismo: corrente filosófica
cujo iniciador foi
Augusto Comte. Defendia a
ciência acima de tudo.
Laissez-faire: expressão
francesa que transmite uma
das essências do Liberalismo
que dizia: deixai - fazer, ou
seja, o homem era livre para
fazer o que quisesse.
Objeto de estudo: aquilo
que vai ser estudado pelo cientista.

EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO
1. A partir da transição feudal-capitalista, surge uma nova postura intelectual
do homem, nova forma de ver a realidade e uma nova maneira de interpretar
as coisas sagradas, que o colocava numa condição de liberdade, rompendo
com a submissão diante da autoridade divina:
a) existencialismo;
b) positivismo;
c) marxismo;
d) racionalismo;
e) tomismo.
2. A Sociologia é a ciência que estuda as ações humanas sob qual perspectiva?
a) As ações humanas fora do contexto histórico-social;
b) As ações humanas comparativamente às demais espécies animais;
c) As ações humanas tomadas isoladamente;
d) As ações humanas tomadas em coletividade;
e) As ações humanas tomadas em estado de natureza.
3. Dentre os pensadores iluministas, destacamos Jean-Jacques Rousseau
(1712-1778), que defendia a idéia de:
a) procura do lucro individual sem escrúpulos;
b) centralização política em torno de um Estado forte;
c) intolerância religiosa;
d) um estado democrático que garanta igualdade para todos;
e) divisão do poder político em Legislativo, Executivo e Judiciário.
4. A Crise Geral do Feudalismo do século XIV, só foi superada em função da:
a) retomada do crescimento populacional, agrícola e comercial;
b) linha de crédito bancária obtida junto aos reis;
c) Revolução Industrial Inglesa;
d) fatores naturais dada a fé religiosa do povo;
e) união entre todos os segmentos sociais em torno do Pacto de Moncloa.
5. A produção industrial trouxe consigo uma nova forma de expressão do
trabalho:
a) servil;
b) escravo;
c) voluntário;
d) assalariado;
e) terceirizado.
10
UNIDADE 1 - A FORMAÇÃO DA SOCIOLOGIA COMO CONHECIMENTO CIENTÍFICO
6. A Revolução Industrial inglesa, utiliza em seus momentos iniciais, que tipos
de energia?
a) Energia humana e energia eólica;
b) Energia humana e energia a vapor;
c) Energia humana e energia nuclear;
d) Energia humana e energia elétrica;
e) Energia humana e energia solar.
7. Que tipo de motivação, inserida na lógica do capitalismo, levou a classe
burguesa a investir em “inventos”?
a) Acompanhar o ritmo de produção da classe trabalhadora;
b) Retração da produção para atendimento do mercado interno;
c) Atender as exigências dos reis;
d) Renovação do parque industrial;
e) Racionalização e aumento da produção.
8. Com a Revolução Industrial, que tipo de fenômeno populacional se deu
na Inglaterra?
a) Aumento vertiginoso das populações urbanas;
b) Envelhecimento assustador da população adulta;
c) Aumento da população feminina, uma vez que o número de óbito entre
os homens aumentou em face da exploração desumana do trabalhador;
d) Alta na taxa de mortalidade infantil, num processo de contaminação
produzida pelas máquinas;
e) Aumento da taxa de mortalidade, tanto dos homens quanto das mulheres,
em razão de que, as condições de trabalho no sistema capitalista,
se apresentavam mais hostis do que as verificadas no sistema
feudal.
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM E FIXAÇÃO
1. O que foi o Renascimento e quais as suas principais características?
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
2. O que foi o “Pacto Colonial” e quais as partes envolvidas neste acordo?
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________